O novo presidente argentino deu o primeiro passo ao enviar cartas aos governantes dos cinco países fundadores dos Brics informando que a Argentina não vai mais ingressar no bloco, como havia sido decidido na sua última cúpula, em agosto.

“Sem prejuízo disso, desejo destacar o compromisso de meu governo com a intensificação dos laços bilaterais com seu país, em particular o aumento dos fluxos de comércio e investimento”, escreveu Milei aos presidentes de Brasil, China, Rússia, África do Sul e ao primeiro-ministro da Índia.

Em agosto, quando o então presidente Alberto Fernández anunciou o ingresso da Argentina nos Brics, Milei adiantou que não seguiria esse caminho, se eleito: “Nosso alinhamento de geopolítica são Estados Unidos e Israel. Nós não vamos nos alinhar com comunistas. Isso não quer dizer que o setor privado não possa comercializar com quem desejar.”

Ao longo de 2023, Lula e a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff, por ele colocada no cargo, buscaram em vão formas de ajudar a economia argentina e, com ela, a eleição de Sergio Massa, candidato de Fernández.

Daí a óbvia preferência de Milei pelo ex-presidente Donald Trump, que representa melhor as razões de sua rejeição China: um sentimento difuso de superioridade de valores associados ao liberalismo econômico e ao conservadorismo moral.

Ele promete transferir a capital israelense de Tel-Aviv para Jerusalém, contrariando o direito internacional, que prevê que o status final da cidade, ocupada militarmente por Israel, deve ser definido em um acordo de criação do Estado palestino.

Sob liderança da China, os Brics abrigam o Brasil de Lula, a Rússia e, a partir de segunda-feira, o Irã. Como se vê, são múltiplas as razões para Milei se dissociar desse clube, no qual Lula trabalhou tanto para incluir a Argentina.

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Originalmente Publicado: 30 de Dezembro de 2023 às 18:00

Fonte: www.estadao.com.br