Na opinião de Lucas Farina, analista econômico da Genial Investimentos, a Ata de hoje trouxe um viés mais duro, como esperado, justamente para frear o otimismo exacerbado do mercado, que havia contribuído para afrouxar as condições financeiras revelia da vontade do Fed.

Para ele, o Fed busca recuperar o controle das expectativas do mercado por meio da comunicação, ação essa que só possível pela credibilidade que perante os agentes econômicos, ainda que tenha cometido erros no período da pandemia de Covid-19.

Para Matheus Pizzani, economista da CM Capital, a balança pende para um comunicado ainda levemente duro frente ao que era esperado pelo mercado, uma vez que as projeções mais positivas para os próximos anos seguem sendo contrapostas por diversas pontuações acerca dos riscos que cercam o cenário base da instituição.

Ele cita ainda que essa estratégia de comunicação mostra que mais uma vez o Fed optou pela cautela e parcimônia no que diz respeito condução da política monetária do país, sem se iludir com dados aparentemente positivos divulgados nos próximos meses e retomando atenção ao desempenho do mercado de trabalho, assim como seus impactos indiretos sobre a dinâmica da inflação de serviços.

“Apontar um possível início do processo de queda dos juros em um cenário como este se mostra uma tarefa difícil, visto que a reversão deste processo tende a demorar mais tempo que o mercado atualmente precifica em termos de início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos, o que abre espaço para eventuais surpresas para os investidores no decorrer do ano”, afirma.

“A Ata mostra que há dúvidas sobre o quanto da normalização das cadeias de suprimentos já ocorreu e indica que o Fomc continuará dependente de dados. Sobre o balanço do Fed, sugere que houve discussões sobre desaceleração do ritmo de redução e quis deixar claro que isso deverá ser anunciado bem antes.”

“Resulta óbvio que a redação da Ata foi feita justamente para esclarecer o mal-entendido. Mas o que interessa a mensagem que se quis passar, que foi a seguinte: muito provavelmente haverá cortes de juros em 2024; mas eles não são iminentes”, explica.

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Originalmente Publicado: 3 de Janeiro de 2024 às 18:35

Fonte: www.infomoney.com.br