O DNA obtido de ossos e dentes de europeus que viveram até 34 mil anos atrás está fornecendo novas percepções sobre a origem da esclerose múltipla.

Segundo novo estudo, variantes genéticas que agora aumentam o risco da doença já serviram para proteger os humanos de enfermidades transmitidas por animais.

Esses genomas antigos foram então comparados com o DNA moderno do Biobank do Reino Unido, que compreende cerca de 410 mil pessoas autoidentificadas como brancas e britânicas, e mais de 24 mil outras nascidas em outros países, para identificar mudanças ao longo do tempo.

Pesquisadores identificaram um evento migratório crucial há cerca de 5.000 anos, no início da Idade do Bronze, quando um povo de pastores de gado chamados Yamnaya se deslocou para a Europa Ocidental a partir de uma área que inclui a moderna Ucrânia e o sul da Rússia.

“Somos um produto da evolução que ocorreu em ambientes passados e, em muitos aspectos, não estamos adaptados de maneira ideal ao ambiente que criamos para nós mesmos hoje”, disse Rasmus Nielsen, geneticista populacional da Universidade da Califórnia em Berkeley, um dos líderes da pesquisa publicada nesta quarta-feira na revista Nature.

“Os Yamnaya foram os primeiros verdadeiros nômades da Europa. Eles usavam gado e cavalos domesticados para acessar o interior das estepes asiáticas, onde há pouco para comer ou beber, por isso carregavam tudo consigo em carroças. Fisicamente, eles eram extraordinariamente grandes, o que podemos ver medindo esqueletos e também geneticamente, e aparentemente bastante violentos”, disse o geneticista da Universidade de Cambridge e coautor do estudo, William Barrie.

“Isso muda a nossa visão da esclerose múltipla, ajudando-nos a compreender as suas origens. Podemos ver a doença como o resultado de um sistema imunitário que evoluiu eficientemente para lidar com uma série de infecções no passado humano, mas que agora existe num ambiente muito diferente. Essa diferença entre os ambientes sanitários do passado e os modernos provavelmente causa o sistema imunológico hiperativo. Isto implica que deveríamos ter como objetivo recalibrar o sistema imunológico em vez de suprimi-lo”, disse Barrie.

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Originalmente Publicado: 11 de Janeiro de 2024 às 07:00

Fonte: www1.folha.uol.com.br