Há exatamente duas décadas, na manhã de 28 de janeiro de 2004, os auditores fiscais do Ministério do Trabalho, Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage, Eratóstenes de Almeida Gonsalves e o motorista Aílton Pereira de Oliveira faziam fiscalização sobre trabalho análogo escravidão na região rural de Unaí, no Noroeste de Minas Gerais, quando foram emboscados pelos pistoleiros Rogério Alan Rocha Rios, Erinaldo de Vasconcelos Silva e William Miranda, condenados em 2013 a penas de 94, 76 e 56 anos respectivamente, na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A cerimônia também marcou o lançamento do filme “Servidão” de Renato Barbieri, e que teve a narração da cantora Negra Li. “A chacina de Unaí foi uma tragédia que marcou não só a categoria dos auditores fiscais do trabalho, mas todos os servidores do Ministério do Trabalho no Brasil e especialmente em Minas. Nestes 20 anos, como homenagem, como compromisso da nossa carreira, nós nos dedicamos com ainda mais fervor ao combate às irregularidades trabalhistas”, afirmou Marcelo Gonçalves Campos, auditor fiscal do trabalho.

“Eu não posso desanimar, tenho esperança de que eles paguem. O que acontece o retrato de como a Justiça no Brasil trata os pobres. Quantos poderosos, ricos estão pagando pena por algum crime? E quantos pobres, humildes, estão pagando vários crimes, inclusive sem sentença e sem mandado de prisão”, disse Carlos Calazans, superintendente do Ministério do Trabalho em Minas, que acredita que os foragidos estão aguardando habeas corpus ou medida preventiva para se entregar.

TRABALHO ANÁLOGO ESCRAVIDÃO. A presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputada estadual Andréia de Jesus, diz que são necessários investimentos do poder público para que os servidores tenham segurança e melhores condições de trabalho.

ACORDO DESCUMPRIDO. A fiscalização de denúncias de trabalho análogo escravidão está paralisada em 20 estados, inclusive Minas Gerais, desde 11 de janeiro, devido a reclamações dos servidores públicos pelo descumprimento de um acordo que foi firmado com o governo federal em 2016.

DIA NACIONAL DE COMBATE. A data da chacina dos quatro funcionários do Ministério do Trabalho que realizavam fiscalizações em fazendas de Unaí, 28 de janeiro, foi escolhida para marcar o dia de combate ao trabalho escravo no Brasil.

Um dos executores, Wilson Gomes de Miranda, solto após um erro de interpretação da decisão da Justiça estadual de que ele deveria ser libertado caso as penas a que ele foi condenado tivessem sido cumpridas, mas que deveria seguir encarcerado caso estivesse cumprindo pena por outros motivos.

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Originalmente Publicado: 28 de Janeiro de 2024 às 08:23

Fonte: www.em.com.br