“O problema dos assintomáticos que eles não procuram o sistema de saúde e servem para expandir a doença, transmitindo para o mosquito que se infecta e transmite a outras pessoas. O assintomático não será notificado, não será conhecido pelo sistema de saúde e nem tratado para tal”, explica Antonio Carlos Bandeira, membro do Comitê de Arboviroses da SBI. “O assintomático um risco em termos de saúde pública, porque facilita a contínua expansão de casos de dengue”, ressalta Bandeira.
“Adolescentes e crianças podem mostrar apenas uma parte dos sintomas. Com adultos também pode acontecer isso. Essas pessoas podem ter uma febre específica. Então, o sistema de saúde tem que estar muito atento mesmo para os sintomas que não fecham toda a característica de um caso clássico de dengue. As pessoas que começam a ter somente febre, mas estão vivendo em áreas com muita transmissão de dengue, teriam que ser investigadas”, afirma.
Para Paulo Abrão, vice-presidente da Sociedade Paulista de Infectologia, importante ter noção do número de casos de dengue assintomáticos e explicar para a população que preciso redobrar os cuidados na prevenção.
“Se há 500 mil casos notificados, são de pessoas sintomáticas, que foram até o médico, se apresentaram, fizeram um diagnóstico e foram notificados. Se a gente considerar que 50% dos casos são assintomáticos, isso significa que nós temos mais 500 mil pessoas doentes que não sabem que estão doentes. Quanto mais casos, mais assintomáticos, mais o mosquito tem onde picar e pegar o vírus do sangue e transmitir para outra pessoa”, explica Abrão.
“A partir do 10º, 12º dia do quadro inicial da dengue, a pessoa já produz anticorpos IgG e eles são permanentes, para o resto da vida. Esses anticorpos não servem para fazer o diagnóstico da doença aguda, que estava ocorrendo naquele momento. Eles são um marcador de que a pessoa teve a dengue em algum momento no passado”, explica Bandeira.
“Um foco para o futuro tentar ampliar a quantidade de pessoas contempladas pela vacina, do ponto de vista de saúde pública e quando tiver melhor o estoque na rede privada. A vacina da dengue consegue agir melhor em quem já teve o primeiro episódio da doença evitando a forma grave caso ocorra a segunda vez”, afirma Teixeira.
“Se o Brasil fosse uma Suíça, mesmo com essas temperaturas elevadas, não teríamos o número de casos que temos hoje. Não somente o mosquito, não somente o calor. Praticamente há mosquitos nos 5 mil municípios do país. E agora, com o fenômeno do aquecimento, muitas das cidades das regiões Sudeste e Sul, especialmente na parte mais oeste, passaram a estar cheias de mosquitos, porque eles se propagam nesse corredor de calor”, finaliza Bandeira.
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Originalmente Publicado: 14 de Fevereiro de 2024 às 22:15
Fonte: www.noticiasaominuto.com.br