por isso que uma das prioridades do presidente em seus primeiros meses de mandato tem sido o que ele chama de “Desarmar a Gramsci Kultural”, um jogo de palavras que alude ao kirchnerismo, a força política peronista que governou a Argentina em grande parte do século 21, tendo como bandeiras a justiça social, a ampliação dos direitos e da inclusão como políticas de Estado.

“O congelamento dos programas de pesquisa e a redução do número de estudantes de doutorado e de jovens pesquisadores vão causar a destruição de um sistema que levou muitos anos para ser construído e que exigiria muitos mais para ser reconstruído”, disseram os cientistas.

Germán Martínez, presidente do bloco União Peronista-Kirchnerista pela Pátria na Câmara dos Deputados, denunciou que o governo de Milei “Está a caminho de ser o mais discriminatório, xenófobo e racista da história democrática”.

O presidente tem sido particularmente virulento em suas expressões contra ativistas dos direitos das mulheres, que ele recentemente descreveu como “Os assassinos de lenços verdes”, pela bem-sucedida campanha que realizaram para conseguir a aprovação do aborto legal e gratuito na Argentina, em 2020, com apoio do governo anterior.

Segundo Ana Fornaro, codiretora da Agência Presentes, veículo de imprensa especializado em cobrir questões de gênero e diversidade sexual, as propostas de Milei são “Uma cópia desajeitada da agenda da direita e da extrema direita internacionais que falam de ‘marxismo cultural’, ‘neomarxismo’, ‘coletivismo’ ou ‘socialismo’ para se referir a uma agenda de direitos, por exemplo, os direitos das mulheres, das pessoas LGBTI+, das comunidades indígenas e do meio ambiente.”

Embora a decisão tenha sido tomada no âmbito de uma série de medidas de emergência anunciadas pelo ministro da Economia, Luís Caputo, de corte na despesa pública - as obras públicas também ficaram congeladas durante um ano -, o presidente não deixou dúvidas de que o corte também visa minar o poder da mídia crítica, que considera “Formadores de opinião extremistas”.

A Fundação El Libro, que organiza a prestigiada Feira do Livro de Buenos Aires - prevista para o final de abril - informou que o Ministério da Cultura não alugará o pavilhão do evento, como tradicionalmente fazia, e - pela primeira vez na história da feira - não enviará um representante para a cerimônia de abertura.

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Originalmente Publicado: 18 de Março de 2024 às 16:32

Fonte: www.bbc.com