Sem citar diretamente Corina Yoris, a nota enfatiza que uma candidata de oposição não conseguiu se registrar para disputar o pleito presidencial, em desacordo com os acordos de Barbados, em que o governo venezuelano garantiu, em outubro passado, um calendário para as eleições de 2024, inclusive com participação e observação de órgãos internacionais.

“O governo Lula não precisa reeditar os governos Bolsonaro e Temer, de isolamento completo da Venezuela, mas poderia ter adotado, desde o início, posições públicas mais duras, dizendo que está muito preocupado com o processo eleitoral, que está acompanhando no detalhe, e que quer fazer valer o acordo de Barbados”, defende.

Lula então negou que tivesse feito uma ligação entre a situação no Brasil e na Venezuela e lembrou que foi impedido de concorrer nas eleições de 2018, quando havia sido condenado pela operação Lava Jato, processo que depois foi anulado.

Corina Machado rebateu a fala de Lula na rede social X: “O senhor não me conhece. Estou lutando para fazer valer o direito de milhões de venezuelanos que votaram por mim nas primárias e os milhões que têm direito de votar em umas eleições presidenciais livres nas quais derrotarei o Maduro”.

Embora considere importante que o governo Lula faça uma pressão pública mais forte por eleições livres na Venezuela, Guimarães considera que o governo americano tem mais capacidade de pressionar o governo Maduro, já que o Brasil reduziu sua presença econômica no país vizinho, após os governo de Michel Temer e Jair Bolsonaro.

“Os efeitos do Brasil sobre a Venezuela são razoáveis, mas a gente não pode exagerar. O ator que realmente tem efeito direto sobre a política doméstica na Venezuela são os Estados Unidos, na medida em que ele controla sanções e as sanções afetam toda a elite política do governo Maduro”, disse.

Agora, diz o professor da USP, a Casa Branca busca se equilibrar entre aliviar sanções, mas sem favorecer muita a economia venezuelana a ponto de melhorar a popularidade de Maduro, mas também não manter as sanções muito restritas, a ponto de fortalecer o argumento do governo venezuelano de que a culpa dos problemas do país seria dos EUA. “Então, essa calibragem das sanções uma questão que os americanos estão sempre levando em consideração. Temos que esperar agora a reação dos americanos em relação a isso”, destacou.

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Originalmente Publicado: 26 de Março de 2024 às 19:25

Fonte: www.bbc.com