A decisão foi tomada em razão da frustração com a falta de compromisso da ditadura chavista com a realização de eleições livres no país e do desgaste político provocado pelo apoio de Lula a Nicolás Maduro desde o início do seu mandato.

Desde que voltou ao Planalto, o petista recebeu Maduro com pompas de chefe de Estado em Brasília, durante um encontro de líderes sul-americanos, o que foi duramente criticado por governos esquerda e direita da região, como Chile e Uruguai.

Diplomatas envolvidos na redação do texto dizem que a falta de explicações públicas por parte de Maduro sobre as claras dificuldades e as supostas e alegadas “Falhas” na internet, que teriam impedido o registro virtual de Corina Yoris como candidata oposicionista em nome da Plataforma Unitária, foram percebidas como “Requintes de deboche” no governo.

No Itamaraty, há algumas semanas a avaliação já era de que desde a assinatura dos Acordos de Barbados - testemunhada por Amorim como enviado por Lula -, o que se viu foram retrocessos em série, com atos do governo contrários ao compromisso firmado por Maduro.

Mas o governo decidira aguardar e não engrossar o coro de adversários de Maduro e países alinhados direita, que já denunciavam os obstáculos, pelo menos desde a sexta-feira passada.

Para diplomatas e assessores do presidente, a reação da chancelaria chavista, que alegou intromissão em assuntos internos e influência dos Estados Unidos sob o Itamaraty, era previsível dentro da retórica comumente usada em Caracas e foi calculada para ter repercussão doméstica na Venezuela.

“Parte considerável do eleitorado rejeita esse defesa de regimes autoritários, sobretudo Venezuela e Rússia. Isso tem impacto. E esse impacto ainda maior porque muitas pessoas que votaram em Lula votaram menos por uma adesão ao programa político e mais porque viram nele uma alternativa a um projeto autoritário. Essas pessoas se frustram com a defesa ideológica a regimes autoritários”.

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Originalmente Publicado: 27 de Março de 2024 às 15:29

Fonte: www.estadao.com.br