Morto neste sábado aos 91 anos, o cartunista Ziraldo tinha a percepção de que o momento em que sua alma ficou em esplêndida forma foi durante a infância.

Ao Fantástico, Daniela disse: “As memórias que ele tem de Caratinga beiram - falo ‘beiram’, ‘tem’, porque eu tô no presente ainda… As memórias que ele tem de Caratinga beiram obsessão. Ele identifica a infância com o paraíso”.

“Ele falava que se achava pouco valoroso como o autor de literatura justamente por ter uma vida assim de grande afeto, de grande felicidade, de grande harmonia”, contou a cineasta.

“Ele entendia o Brasil como um lugar da diversidade, não um país de personagens brancos. Um país de múltiplas etnias, personalidades”, diz Daniela.

Daniela conta que chegou a vistar o pai na cadeia, numa das vezes em que ele foi preso pelo regime.

“Ele ficou um mês numa solitária, o que pra mim foi das coisas mais violentas, porque meu pai era um cara que vivia em companhia da manhã noite. Então, ficar numa solitária… Eu fui visitar ele e fiquei muito impressionada em ver como ele tava mudado, fragilizado, angustiado e solitário.”

“Eu realmente desejei muito que ele partisse e parasse de sofrer. Fosse ser a cor da lua, fosse se encontrar lá no espaço. Ele sempre foi apaixonado pelo espaço, então Eu não acredito em céu, essas coisas, mas no espaço eu acredito. Como a gente poeira de estrela, ele vai voltar a ser poeira de estrela, então, ele tá realmente no seu elemento.”

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Originalmente Publicado: 7 de Abril de 2024 às 22:21

Fonte: g1.globo.com