Os diretores do Comitê de Política Monetária do Banco Central indicados por Jair Bolsonaro votaram com base em boatos para reduzir a taxa básica de juros em apenas 0,25 ponto percentual, enquanto os nomeados pelo presidente Lula se apoiaram nos fatos para tentar cortar a Selic em 0,50.
Já os quatro nomeados por Lula defenderam em vão um corte de 0,50: Ailton de Aquino Santos, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira.
Com a Selic em 10,5% ao ano, o Brasil continua a ter a segunda maior taxa real de juros no mundo, conforme um ranking atualizado pela consultoria MoneYou.
Na avaliação de André Rongalia, o racha no Copom sinaliza não apenas visões diferentes sobre a economia, mas um possível aumento de volatilidade impulsionado pelo mercado diante do processo de sucessão de Campos Neto, cujo mandato termina em dezembro.
Segundo ele, a tendência que o mercado eleve a chamada taxa terminal da Selic - o índice dos juros básicos ao fim do ciclo de cortes - com o objetivo de assegurar um retorno maior ante o “Risco” de, após a saída de Campos Neto, haver uma diretoria majoritária em prol de um corte mais acelerado.
O economista entende que os diretores indicados por Lula votaram nesta quarta com base nos fatos: inflação em queda, desaceleração do crescimento econômico em comparação com o ano passado e elevação do desemprego na margem, o que já aponta para um arrefecimento da atividade compatível com a manutenção do ritmo de cortes na Selic.
“Por outro lado, os diretores antigos acabaram votando em cima de boatos, tanto as incertezas associadas ao cenário externo, que ainda não não tiveram qualquer agravamento, quanto um suposto processo de deterioração fiscal por conta da mudança da meta, muito embora o arcabouço persista na sua função de tentar estabilizar a dívida pública.”
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Originalmente Publicado: 8 de Maio de 2024 às 20:34
Fonte: www.cartacapital.com.br