Pressionado a reagir com a agilidade destruição sem precedentes do Rio Grande do Sul, o governo federal tem anunciado dezenas de bilhões de reais em ações de socorro ao Estado, que incluem linhas de crédito, recuperação de estradas, compras de medicamentos, auxílio direto a famílias no valor de R$ 5,1 mil e a suspensão do pagamento da dívida gaúcha com a União.

Na avaliação de economistas entrevistados, a comunicação da gestão Lula está inflando em dezenas de bilhões de reais os valores federais disponibilizados ao considerar que linhas de crédito anunciadas, operadas por bancos públicos e privados, seriam “Investimentos do governo federal” ou “Recursos destinados” ao Estado.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou no anúncio do pacote que a União iria pagar R$ 2 bilhões aos bancos para descontos nos juros e que depositaria mais R$ 5 bilhões em fundos garantidores, medidas que teriam potencial de gerar os R$ 39 bilhões em empréstimos para empresas e produtores rurais de pequeno porte, afetados pelas inundações no Rio Grande do Sul.

Embora Haddad tenha explicado no anúncio do pacote que esses R$ 39 bilhões seriam linhas de crédito, todo o montante anunciado foi classificado como “Investimentos do governo federal no Rio Grande do Sul” em contas oficias de ministros de Lula e do próprio presidente.

O Ministério da Fazenda, por sua vez, divulgou tanto em sua rede social como em sua página de notícias a informação de que “Ao todo, as iniciativas representam um impacto de R$ 50,945 bilhões em recursos cedidos ao Estado”, numa linguagem que sugere que os valores foram diretamente transferidos ao Rio Grande do Sul, apesar de o pacote envolver tributos adiados que terão que ser pagos posteriormente e potenciais linhas de crédito.

Essa notícia divulgava o anúncio de suspensão do pagamento da dívida do Rio Grande do Sul por três anos e acrescentava: “As medidas agora apresentadas somam-se aos R$ 50,9 bilhões que haviam sido destinados - entre antecipação de programas sociais e liberação de crédito para o RS - e aos R$ 12,1 bilhões liberados por Medida Provisória para diversos órgãos federais executarem ações necessárias no atendimento aos municípios”.

Após o pedido enviado pela reportagem na terça-feira para o governo explicar os valores totais anunciados, o texto do portal Gov.br foi alterado: em vez de dizer que “o governo federal já destinou mais de R$ 62 bilhões em resposta catástrofe socioclimática”, passou a afirmar que “o governo federal já destinou mais de R$ 60 bilhões em resposta catástrofe climática”.

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Originalmente Publicado: 17 de Maio de 2024 às 15:24

Fonte: www.bbc.com