A mineira Carolina Arruda Leite, de 27 anos, que está arrecadando dinheiro para realizar eutanásia na Suíça, conta que a filha, de 10 anos, entende sua escolha.
“Perco muitos momentos com ela, dos momentos que eu poderia ter de mãe e filha, perco vários. Eu perdi vários. Perdi os dez anos da vida dela porque ela foi morar com a minha avó com 1 ano de idade, porque não aguentava mais cuidar dela. Quando vou para o hospital, não sei quantos dias vou ficar lá, se são semanas. Então não podia deixar uma criança com essa instabilidade de vida”, desabafa.
“Não consigo brincar com ela. Eu queria muito viajar com ela, mas não consigo. Perdi a festa junina da escola dela porque eu estava com muita dor. Os maiores gatilhos para a dor são vento e frio, e a festa junina seria em um local aberto no período da noite, então tive que abrir mão por esse motivo. Já estava com dor e me submeter a esses gatilhos ia me causar mais dor ainda”, relata.
A dor que a mineira sente comparada por ela com choques elétricos equivalentes ao triplo da carga de uma rede de 220 volts, que atravessam seu rosto constantemente, sem aviso ou trégua.
“Tive esperança várias vezes, em cima de vários procedimentos, tanto cirúrgicos quanto farmacológicos que tentei, e essa experiência só fez piorar. Só fez com que eu ficasse mais ansiosa e cada vez mais decepcionada depois que a tentativa não dava certo. Para mim, já passou essa fase de achar que tem solução, porque sei que não tem mais”, diz.
“Acho que as pessoas estão tentando ajudar, então não vejo como um desserviço nem interpreto de uma forma ruim. Eu acredito que as pessoas estão tentando ajudar e que estão tentando buscar esperança para mim. As pessoas vendo de fora realmente criam esperança em cima de tratamentos e médicos diferentes, mas não tenho mais essa esperança”, conta.
“Acho que meu caso está sensibilizando muita gente, por isso esse aumento do valor tão repentino. Muita gente sofre com dores ou conhece alguém que sofre bastante, acredito que as pessoas que estão ajudando sejam empáticas com a situação”, conta a jovem.
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Originalmente Publicado: 4 de Julho de 2024 às 13:29
Fonte: www.em.com.br