Num comunicado divulgado imprensa, os advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro traçaram as linhas gerais de como pretendem defendê-lo das imputações da Polícia Federal de que ele teria tentado vender joias que recebeu de presente durante o mandato, supostamente, para enriquecer ilicitamente.

Para reforçar essa linha de defesa, os advogados lembram que o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, não teve qualquer problema ao se apropriar de um relógio Piaget de R$ 80 mil, que teria recebido de presente em 2005 do então presidente da França, Jacques Chirac.

“Não se verifica nos autos indícios mínimos da ocorrência de ilícito criminal, não existindo, portanto, nenhum indício real de fato típico praticado pelo requerido ou qualquer indicação dos meios que este teria empregado em relação às condutas objeto de investigação, ou ainda, o malefício que produziu, os motivos que o determinaram, o lugar onde a praticou, o tempo ou qualquer outra informação relevante que justifique a instauração de inquérito ou de qualquer investigação”, escreveu Moraes ao rejeitar a investigação contra Lula.

“Todos os ex-presidentes da República tiveram seus presentes analisados, catalogados e com sua destinação definida pelo ‘GADH’, que, bem de se ver, sempre se valeu dos mesmos critérios empregados em relação aos bens objeto deste insólito inquérito, que, estranhamente, volta-se só e somente ao Governo Bolsonaro, ignorando situações idênticas havidas em governos anteriores”, diz o comunicado, acrescentando que Bolsonaro não tinha “Qualquer ingerência” sobre o tratamento e catalogação dos presentes, tarefa que cabia ao GADH, “Composto por servidores de carreira e que, na espécie, vinham de gestões anteriores”.

Daí a imprecisão que teria permitido a Bolsonaro ficar com os presentes de luxo que ganhou de autoridades sauditas, como relógios, canetas, rosários, e joias, como colar e brinco, tudo de ouro, alguns cravejados de diamantes.

Na época, foi revelado que parte dos presentes, trazida pelo ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, ficou retido na Receita, e que emissários de Bolsonaro tentaram liberar os objetos no fim de seu mandato.

Fato que a própria investigação conseguiu apontar que Bolsonaro teria recebido apenas US$ 68 mil oriundos da venda de dois relógios - um deles, um Rolex, posteriormente adquirido pelo advogado Frederick Wassef e devolvido a mando do TCU. O indiciamento de Bolsonaro pela PF agora será analisado pelo atual procurador-geral da República, Paulo Gonet.

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Originalmente Publicado: 9 de Julho de 2024 às 22:00

Fonte: www.gazetadopovo.com.br